1. Eu não tenho nada a esconder
Você ter ou não algo a esconder é totalmente irrelevante. Privacidade não tem a ver com esconder-se – tem a ver com autonomia, poder e controle; tem a ver com sua capacidade em decidir como você se apresenta para o mundo.
Considerando a quantidade de dados que são constantemente coletados sobre você, na maioria das vezes de maneiras que você nem sabe ou pode ver, esse desgaste da sua privacidade com certeza traz ajuda nenhuma e sim gera um impacto de longo prazo em sua vida – no seu trabalho ou futuros trabalhos; na sua rede de contatos; no valor que você acaba pagando por certos produtos; e em um monte de outras coisas.
2. Eu não me importo se as pessoas souberem que eu como cereal no café da manhã
Nem todos os rastros digitais são importantes e, possivelmente, o que você come no café da manhã não importa.
Mas se você olhar com cuidado para os rastros digitais que você cria, você descobrirá diferentes níveis de rastros misturados: alguns podem ser bem banais (como seu café da manhã), mas outros podem ser muito mais pessoais – como onde você vai (que também pode mostrar o que você está fazendo e com quem), ou quais são suas preocupações com relação a sua saúde. Pense naquelas coisas que você buscou no Google – e ele armazenou - podem ser coisas que você não chegou a dividir nem com seu parceiro ou parceira e nem com amigos mais próximos.
A pergunta é: você sempre consegue diferenciar aqueles rastros digitais que você gostaria que fossem privados daqueles que realmente não tem importância? O que pode parecer banal hoje pode ser importante amanhã; ou ainda pode ser do interesse de outra pessoa, ou pode também dar muito mais detalhes sobre você do que você imagina.
3. É só a Internet
Está procurando por um emprego ou aplicando para um empréstimo? Empresas podem fazer uma busca sobre você no Google ou ainda comprar seu perfil em uma corretora de dados. Está reservando uma passagem de avião? Você tem certeza de que não há uma diferença de preços sendo aplicada baseada em suas buscas anteriores? Ou pior – que aquela piada no Twitter que você postou - que foi armazenada em algum servidor - pode influenciar na decisão se você consegue um visto ou não.
Mesmo quando você deixa seu computador e telefone celular em casa, a câmera de segurança da rua grava seu rosto quando você entra no metrô, quando você usa seu cartão no transporte público; e quando você chega em seu destino, um amigo tira uma foto sua, marca você e posta no Twitter.
Ainda acha que é “só a Internet”? A internet cercou toda a sua volta e seus rastros digitais passam a ser sua reputação.
4. Mas sou somente um dentre milhões… como alguém consegue me ver?
Por um acaso você está imaginando pessoas sentadas atrás de computadores, em algum lugar do mundo, analisando rastros de dados produzidos por milhões, bilhões de pessoas? Na verdade, são grandes computadores que fazem esse trabalho – computadores e algorítimos que foram feitos especialmente para analisarem um enorme volume de dados.
Ser ‘um em milhões’ não significa que você pode se esconder na multidão; significa que quando o computador compara seus dados com os dados de todos essas outras pessoas, fica muito mais fácil para eles encontrarem a exceção.
5. Mas eu ganho um desconto da minha seguradora.
Quando você vai ao médico, a conversa de vocês está protegida. Isso está estabelecido no código de confidencialidade universal entre médicos e pacientes, para garantir que você possa falar sobre o que você quiser com seu médico sobre sua saúde sem se preocupar com possíveis repercussões, como, por exemplo, a franquia do seu seguro saúde aumentar.
Mas você facilmente compartilharia com uma empresa de seguros os dados gerados por um medidor de atividade física que monitora seus passos, respiração e ritmo cardíaco, e pode ainda detectar uma possível doença crônica e estresse - em troca de um pequeno desconto?
6. Mas eu estou recebendo o serviço de graça
Você não está recebendo o serviço de graça – você está pagando por esse serviço com a sua informação.
7. Eu não venho de países do Oriente Médio – isso não é uma preocupação para mim
A coleta de dados é uma questão global. Empresas de crédito em países africanos, bem como nos EUA (en) já estão recorrendo às mídias sociais e registros de telefonia celular para avaliar a solvabilidade, ou seja, a capacidade em que uma pessoa tem para pagar suas contas - isso para decidir se eles vão lhe dar um empréstimo ou não.
